Mas, graças a Deus minha tediosa rotina foi quebrada, ao perceber um grupo bem considerável de idosos sorridentes. Achei muito "engraçadinha" a cena: as mesas estavam arrumadas em formato de um grande círculo e no meio havia espaço para a "pista de dança". Muitas flores e senhorinhas bem maquiadas, em seus vestidinhos de festa, e senhores em ternos e camisas de manga, dançando felizes ao som de Roberto Carlos a todo volume.
Não sei como, mas fui tomada pela idéia de que, o que pode parecer ridículo aos olhos de muitos, para aquelas pessoas aquilo era um momento mágico. Me censurei internamente, pelas vezes em que pensei numa fila de banco ou dentro de um ônibus cheio, o porquê dessas senhorinhas de passos lentos circulando pela rua, ao invés de estarem em casa, fazendo tricô ou comidinhas pros netos. E quem nunca se pegou cometendo esse pecado em momentos de impaciência?
De repente, o que eu via não era mais um monte de "velhotes emperequetados", e sim pessoas curtindo o lado doce da vida. E eu, com meus trinta e pouco anos, me senti muito mais velha do que qualquer um deles.
E meu lado sentimental falou mais alto. Meus olhos se encheram d'água, vendo cada rostinho feliz, imaginando quanta história cada um ali carrega. Muitos ali são invisíveis para a sociedade, até mesmo para a família, mas mesmo assim, transformam o fato de envelhecer em algo que pode ser prazeroso, e não um fardo pesado. A vida continua para eles, pois esta é a idade das recompensas de toda uma vida, a Feliz Idade.
Me sinto mais forte agora, pois acordei para a grande verdade: a de que ainda tenho muito que caminhar, aprender e errar pra depois acertar. Ainda tenho muito o que construir nessa vida. Sempre há tempo pra tudo, quando buscamos vivenciar a felicidade como um estado de espírito, e não como uma meta a se alcançar.
Ao meu pai, minha vovós e a todos que vivem essa Feliz Idade, o meu respeito e o meu carinho, pela coragem em encarar a vida sempre como uma doce descoberta, dia após dia...